terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Aquilo que nos faz homens

Para aqueles que acordam com aquela super vontade de ir para a facul ou para o trabalho, aí vai um texto para fazê-los mudar de opinião.

"Há uma qualidade que não tem nome. Talvez seja "gravidade", mas a palavra não satisafaz. Porque essa qualidade pode existir junto à mais sorridente alegria. É a qualidade do carpinteiro que se planta diante de seu pedaço de madeira e o palpa e o mede, e, longe de tratá-lo às pressas, reúne toas as suas virtudes para trabalhá-lo."

e dessa qualidade surge o verdadeiro homem:

" Ser homem é precisamente ser responsável. É experimentar vergonha em face de uma miséria que não parece depender de si. É ter orgulho de um vitória dos companheiros. É sentir, colocando a sua pedra, que contribui para construir o mundo.

Querem confundir homens assim com os toureiros e os jogadores. Gaba-se o seu desprezo da morte. Mas eu dou bem pequena importância ao desprezo da morte. Se ele não tem suas raízes em uma responsabilidade aceita é apenas sinal de pobreza ou excesso de mocidade. Conheci um suicida moço. Não sei mais que desgoto amoroso o levou a colocar cuidadosamente um bala no coração. Não sei a que tentação literária cedeu calçando suas mãos de luvas brancas. Mas eu me lembro de ter sentido em face daquele triste espetáculo uma impressão que não era de nobreza, mas de miséria. Ali, atrás daquele rosto amável, sob aquele crânio de homem, não havia existido nada Apenas a imagem de alguma tola mocinha igual às outras.

Pensando nesse destino magro eu me recordo também de uma veradeira morte de home. A morte de um jardineiro, que me dizia: "Você sabe, às vezes, tabalhando, com a enxada na mão, eu suava. Minha perna doía com o reumatismo, e eu praguejava contra aquela escravidão. Pois olhe, hoje eu queria estar com a enxada na mão, trabalhando, trabalhando... Trabalhar com a enxada hoje me parece uma coisa bonita! A gente se sente tão bem, tão livre, quando está trabalhando a terra! E além disso, quem é que vai cuidar de minhas árvores, agora?" Ele deixava uma terra a cultivar. Deixava um planeta a cultivar. Estava ligado pelo amor a todas as terras e a todas as árvores da terra. Era ele o generoso, o prodígo, o Grande Senhor!"

É essa qualidade que não se pode nomear, é essa vontade de sugar de tudo toda a sua potência que nos diferencia como humanos (verdadeiros) e transforma o mundo.
Que elas possam cultivar toda a Terra (dessa vez com maiúscula)...

O trecho faz parte do livro "Terra dos homens", de Saint Exupéry.

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