quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Em busca de um conceito para "existência"

Tentando sair um pouco da inatividade, aqui vão algumas idéias que estive matutando durante um tempo:



"Penso logo existo". A máxima de Descartes sempre me pareceu muito lógica; lógica porque acreditamos ter um conceito forte do signifiado de existir. Mas percebi que esse conceito infelizmente não passa de intuição. Colocar um "ok" em Descartes exige, portanto, nos perguntarmos primeiramente o que entendemos por "existir".

O desmoronamento começa no momento em que tentamos definir a existência de algo simplesmente analisando se ele ocupa um lugar no espaço e no tempo. Cometemos um grave erro: nossa cosciência é atirada à lata lixo (até onde eu saiba nenhum necrotério conseguiu abrir a cabeça de alguém e achar a dita cuja). Pois é, o que antes parecia tão claro se torna um verdadeiro enigma, não temos certeza sobre a existência das coisas!

A solução que encontrei seria quebrar a existência em dois conceitos:

1. Existência física: algo existe fisicamente se ele ocupa lugar no espaço. Por que não no tempo? Para mim não há uma separação entre tempo e espaço. Simplesmente porque não conseguimos imaginar nada que ocupe apenas lugar no tempo. Esse grupo agrupa o universo que conhecemos e nosso corpo físico.

2. Existência consciente: algo existe se dele estamos cientes. Para mim esse segundo conceito nos fornece um segundo mundo semelhante àquele proposto por Platão com o mundo das idéias. Esse conceito dá existência à nossa consciência (pois estamos cientes sobre nós mesmos) e a muitas outros exemplos que aparentemente poderiam apontar para o anonimato. O zero por exemplo, não existe fisicamente mas em consciência ele existe sim, tanto que o utilizamos largamente na matemática (o mesmo vale para o infinito); Deus, uma ética universal e assim por diante. É um mundo bem à parte, mas que sempre esteve presente guiando e auxiliando o ser humano.

Essa idéia está bem imatura, mas por isso mesmo coloquei ela na linha de fogo. Particularmente gostei muito de alguns resultados que ela nos dá. Pretendo amadurecê-los o publicá-los. Claro, há muitos buracos mas são justamente eles que fazem a idéia se desenvolver. Se for preciso, irei alterar a segunda definição ou então voltar à prancheta e buscar novamente alguma definição única.

10 comentários:

Jaque Lima disse...

E ae Ro!

Entao, fiquei pensando nas suas definiçoes de existência, no qual você separou existência física da consciência.. sim, entendi o que você quis dizer, que muitas coisas nao existem fisicamente, mas tem importância e usamos assim, de forma consciente, vc até comentou do exemplo do "zero".

E ainda tb sobre a separaçao do espaço e tempo, acho que essa separaçao ou nao, você pode ver em muitas definiçoes na física quantica, né? tem um filme que fala sobre isso, mas nao to lembrando o nome, na verdade é um documentário, qdo lembrar te falo...

Sei lá, mas acho que tem coisas no tempo passado que já preencheu no espaço em algum momento, entende??

Algumas vezes me pego a pensar sobre "Por que existimos??" "o que estou fazendo nesse mundo?" perguntas que do tipo nao tem respostas, mas enfim, apenas acredito que todos temos uma missao aqui(nao to falando de espiritismo), mas Deus quis assim, vou respeitar entaum... e aproveitar a minnh existência para fazer a diferença.

ok, vai estudando e e jogando suas idéias, ae!

beijao

Rodrigo Diana disse...

Oi Jaqui!
Entao, acho q vc entendeu bem oq eu quis dizer: tudo oq conhecemos nao podem se limitar a ter apenas uma existencia fisica. Sabe, sinto cada vez mais forte q as pessoas deixam essas reflexoes para tras, confiando demais no q os nossos sentidos nos dizem e deixam a nossa consciencia de lado. Muitos ateus preguicosos usam essa desculpa para se justificarem. Pra mim isso eh preguica de pensar, de refletir.

Sobre a existencia no passado, preciso pensar mais a respeito. Eh q acho complicado atribuir alguma definicao de existencia a algo no passado (ateh pq temos a ideia de q se algo estah no passado eh pq deixou de existir, entende?)
Mas vamos refletindo =D

Bjo!

isabela midori disse...

esse filme que sua amiga citou, eu acho que sei qual é. "Quem somos nós". Eu tenho esse documentario, se quiser eu te empresto depois. :) é bem legal e interessante! o ruim é que tem duas versoes. uma mais simples, q eu acho q seria o mais apropriado pq o outro é bem mais complicado. diria q é a versão completa! hahahaha

mas.. eu acho q a gente existe por existir. somos apenas animais que pensam. e diria que é a pior raça também. a mais egoísta, capitalista e superflua. pegando a massa mesmo. pq é o q mais cresce, querendo ou não.
por isso não considero as pessoas como seres especiais só pq pensamos. existimos como qualquer coisa existe. um leao, um tigre, um cachorro. a diferenca é essa: pensamos de uma maneira incrivel e racional.
mas nao passa disso. no fundo a gente esta cavando o proprio buraco. q depre neh! acho q brisei de mais por aqui! chega! hahaha acho q ate desviei do assunto q vc queria!

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

ROh!

nossa... fico impressionada em ver como vc progrediu... em tudo!
cada vez, qndo acho q te conheço... me espanto com o qnto vc... simplesmente nao sei oq te dizer, soh q tenho mto orgulho por ser sua irma e sei q esse orgulho nao ira ter limites se ele depender de seu crescimento e conquistas.
bjaooo rozin!

Rodrigo Diana disse...

Isa! Q fugir do assunto que nada!
Sabe, isso q vc disse eu senti na pele enquanto escrevia. Serah q nao estou procurando pelo em ovo? Serah q agnte nao pode simplesmente existir? Pq eh intuitivo dizer se algo existe ou nao, creio q todos nos temos isso muito forte dentro de cada um. Mas em contrapartida fica aquela duvida: serah q eu sou apenas esse corpo fisico? Pessoalmente, ser materialista nao me atrai; nao porque eu tenha uma explicacao plausivel para te dar do porque disso, mas simplesmente pq a vida perde o sentido. Tenho duvidas sobre tudo, mas prefiro continuar buscando algum sentido do q ter uma resposta na ponta da lingua.
Em relacao aos animais, tenho muitas duvidas tb. Sabe? Acho q somos sim diferentes deles, mas nao superiores. Acho que a consciencia eh algo impar q apenas o ser humano possui. Mas justamente por isso eh nossa obrigacao perceber o nosso lugar no universo e dos demais seres aqui. Somos superiores? Acho q nem precisamos fazer essa pergunta; devemos sim eh usar a razao para melhorar a vida de todos, porque estamos inevitavelmente ligados. E de fato, continuando da maneira com q guiamos tudo, estamos cavando nossa propria cova.

Bjos!

isabela midori disse...

assim, vou dizer no que eu acredito. acho que não há um motivo especial pra gente existir. acho que é o egocentrismo do homem que não consegue suportar que sua existência possa ser tão simples, já que ele consegue desvendar muitos segredos sobre o mundo. mas isso não em nada a ver com a vida individual. não temos um motivo especial pra existir, mas não é por isso que podemos gastar nossas vidas em vão. temos sentimentos, medos, amigos, namorados (as), familia. e sabemos o quão nobre é o sentimento de amizade e amor com essas pessoas e o medo que temos de perdê-las. existimos com uma simplicidade tão grande que complicamos a vida. viver, no fundo, é tão simples. o que complica é que essas coisas ninguém ensina. ninguém discute mais. e fica como hobbie para quem gosta de pensar. e poucos pensam assim. muitos acreditam que o homem é realmente o principal ser vivo do mundo.
mas somos apenas pessoas convivendo com outras, tentando entendê-las, tentando nos proteger dos ambiciosos e gananciosos.

Rodrigo Diana disse...

Oi Isa!
Confesso que adoraria ter força (e quem sabe coragem) para conseguir aceitar a vida como sendo algo tão simples. Lembro-me sempre de um professor de literatura que tive (querido FT!). Ele estava com câncer generalizado, nas últimas; mas mesmo assim ele achava forças para ir todos os dias ao cursinho e dar aula, das 7h às 21h. Ele era ateu e eu não conseguia entender de onde ele tirava toda essa força. Um dia fui perguntar isso a ele e ele respondeu basicamente isso oq vc comentou. "O q nos atormenta não é a busca por um sentido da vida, mas a nossa incapacidade de aceitar q ela na realidade não passa de tudo isso que nos rodeia." Infelizmente ano passado ele nos deixou, mas a sua lição de vida nunca me abandonará. Sabe, adimiro muito as pessoas que conseguem acordar todos os dias e, mesmo sabendo que a vida em si não tem um objetivo para defender, conseguem trabalhar, estudar, ajudar os outros... precisa de muito amor pela vida! "Somos grãos de areia nesse universo, mas viver é tão bom que eu quero dar aos outros grãozinhos de areia essa oportunidade também". Nesse sentido.

Vou lhe confessar que eu, não por falta de amor à vida, mas apenas por preferir acreditar que há algo realmente maior para defendermos, ainda não consigo lidar com essa simplicidade da vida (até que seja provado o contrário). Já dei de cara no muro várias vezes e sei que continuarei tropeçando, mas acho que é um caminho que nos dá força para levantarmos sempre e, o mais importante, caminharmos sempre.

What a great philosophical conversation!

Anônimo disse...

Fala, Rodrigo!

Falando em planos de existência...você ainda existe? Digo...eu tenho consciência da sua pessoa, mas parece só se manifestar virtualmente pelo blog. Ainda há Rodrigo ocupando espaço no planeta? Quando ele pretende ocupar uma mesa de bar com o amigo Guto?

Doeu muito reconhecer isso, afinal, sou um cético materialista...mas no decorrer de 2008 percebi que o ceticismo, em algumas de suas manifestações, é
algo preguiçoso e comodista, pra dizer o mínimo.

ou seja...:
"Muitos ateus preguicosos usam essa desculpa para se justificarem. Pra mim isso eh preguica de pensar, de refletir."

Agora o que queria tirar pra bater um papo contigo é o seguinte:

"Entao, acho q vc entendeu bem oq eu quis dizer: tudo oq conhecemos nao podem se limitar a ter apenas uma existencia fisica."

Achei esta aí muito interessante...e a cada vez que leio seu blog, me convenço mais de que, nós dois estamos seguindo um caminho bem parecido, embora de maneiras diversas.

Gimme a sign!

Rodrigo Diana disse...

Que presente abrir o meu blog e ver um comment do carississíssimo Guto!
Digo o mesmo, sinto muito mais a sua presença de espírito do que a sua carne (uau!) por perto. Mas sabe como é... 5 semanas de fórum não rendem mais do que cinco minutos de buteco contigo. Por dois principais fatores. O primeiro e mais óbvio: não há álcool. O segundo: sua presença inspira o diálogo. Chame isso de bixisse, do que quiser, mas é verdade. Portanto, invoco toda a subjetividade com que temos conduzido nossa forte amizade (e qdo digo forte não é apenas expressão) para uma noite num buteco por minha conta. Há muitas coisas a serem colocadas em dia e eu pessoalmente tenho uma notícia bombástica para compartilhar com o senhor.

No aguardo de lhe provar a existência física de meu abraço:

Abraços,
Rodrigo Diana